segunda-feira, 28 de junho de 2010
Só na vontade
Estou louca de vontade de ler o Pinóquio do Collodi que compramos na semana passada, mas minha filha nem tchum. Só quer saber da Turma da Mônica Jovem. Fiz a proposta para o Pedro, mas ele se limitou a arquear uma sombrancelha. Não vai dar para mais para esperar! Vou ler sozinha mesmo.
terça-feira, 1 de junho de 2010
Surrupiando um momento
Em meio a milhares de caixas de mudança, um monte de pó e várias listas de tarefas é difícil conseguir desacelerar o bastante para compartilhar um momento gostoso de leitura. Por isso nesses últimos dias cada qual aqui em casa fez a sua, sozinho, deitado na cama antes de dormir. Apesar de não compartilharmos leituras temos pelo menos conversado sobre leituras o que também é uma delícia se fazer. E por mais que a gente se conheça e conheça os gostos um do outro, sempre aparece alguma novidade, alguma surpresa nessas conversas.
Outro dia o Pedro e eu tivemos um papo super bacana sobre novelas gráficas. Eu estava perguntando qual era a opinião dele a respeito de um projeto que eu estava escrevendo. O projeto tinha a ver com a formação de leitores e eu queria saber o que o Pedro achava das iniciativas que eu estava propondo para "provocar" jovens não-leitores.
Eu dizia que era uma pena a maneira como alguns professores dão aula de literatura e tornam uma coisa tão fascinante em tarefa maçante e tediosa. Não, não quero generalizar, mas isso ainda acontece SIM. E se os adolescentes não desenvolveram antes o interesse pela leitura, não é fazendo questionários intermináveis ou análises incansáveis sobre um livro que alguém vai conseguir despertar esse interesse. Acredito piamente que temos que aproximar livros e leitores. Já não me lembro onde eu li isso, mas "existe um livro para cada leitor." Quanto mais alternativas oferecermos, mais chance haverá do leitor encontrar-se com o "seu" livro.
Perguntei para o Pedro o que ele achava de participar de um grupo de leitura de novelas gráficas. Poucos dias antes dessa nossa conversa eu tinha lido dois livros maravilhosos que o Pedro também gostou bastante. Duas novelas gráficas. A primeira é uma linda autobiografia chamada Retalhos do cartunista Craig Thompson. A segunda me lembrou o excelente Maus, de Art Spiegelman, pelo tema do holocausto. Chama-se A Busca e foi publicada pela Cia. das Letras. Os autores são Eric Heuvel, Ruud van der Rol e Lies Schippers. Os dois títulos são realmente muito bons - eu adoraria trabalhar com qualquer um deles dentro da sala de aula. O Pedro achou a ideia interessante e disse que ele toparia participar de um grupo de leitura como o que eu estava propondo. Mas eu percebi que enquanto falávamos sobre isso a cabeça dele já ia pensando noutras coisas...
Gostei muito mesmo dessas duas leituras e comecei a trazer para a conversa várias outras que já curtimos juntos (ou não) aqui por casa. Lembrei do maravilhoso Persépolis da Marjanne Satrapi - uma aula sobre o Irã - que foi lido num tapa, quase que no mesmo dia, pelo Pedro, pelo Gabriel, meu sobrinho, e por mim. Persépolis é daqueles livros ilargáveis, não dá para parar de ler antes de terminar. Lembrei também do D. João Carioca, da historiadora Lilia Moritz Schwarcz e do cartunista Spacca, que uma professora do Pedro recomendou há uns dois anos e que todos nós em casa adoramos. Fiquei pensando o quanto essas leituras foram ricas o quanto eu gostei delas. Acho que às vezes a gente esquece de explorar linguagens diferentes e estilos diferentes de literatura. É uma pena porque quem acaba saindo perdendo é a gente mesmo.
Bom, mas o mais gostoso da história foi a aula que o Pedro me deu sobre novelas gráficas. Eu tinha mesmo percebido que ele estava falando comigo sobre o grupo de leitura, mas pensando em outra coisa bem diferente. Assim que eu dei uma brecha ele começou a me dar explicações... Fico sempre maravilhada com os saberes do meu filho. Eu sei que ele sabe muito sobre muitas coisas, mas é sempre uma surpresa quando ele desata a falar com tanto conhecimento de causa e tanta propriedade. Ele ficou um tempão me contando sobre os quadrinhos favoritos dele: V de Vingança e Neuromancer. Nem acho que esses dois tem muito a ver comigo, mas foi ótimo "trocar de lugar" com o Pedro. Geralmente sou eu que fico explicando as coisas prá ele na hora do jantar (talvez por pura metidez e tagarelice). Mas ultimamente as trocas tem sido mais regulares e essa conversa, especificamente, foi realmente um momento de aprendizagem para mim.
Mais um livro lindo-maravilhoso que vale à pena ser lido em qualquer idade: A Invenção de Hugo Cabret, do Brian Selznick. Imperdível! E ainda não li, mas descobri outro dia que existe uma versão em quadrinhos para Em Busca do Tempo Perdido. Proust em quadrinhos é demais! Mais um para a minha lista...
Outro dia o Pedro e eu tivemos um papo super bacana sobre novelas gráficas. Eu estava perguntando qual era a opinião dele a respeito de um projeto que eu estava escrevendo. O projeto tinha a ver com a formação de leitores e eu queria saber o que o Pedro achava das iniciativas que eu estava propondo para "provocar" jovens não-leitores.
Eu dizia que era uma pena a maneira como alguns professores dão aula de literatura e tornam uma coisa tão fascinante em tarefa maçante e tediosa. Não, não quero generalizar, mas isso ainda acontece SIM. E se os adolescentes não desenvolveram antes o interesse pela leitura, não é fazendo questionários intermináveis ou análises incansáveis sobre um livro que alguém vai conseguir despertar esse interesse. Acredito piamente que temos que aproximar livros e leitores. Já não me lembro onde eu li isso, mas "existe um livro para cada leitor." Quanto mais alternativas oferecermos, mais chance haverá do leitor encontrar-se com o "seu" livro.



Meu filho está mesmo virando gente grande. Nem vou começar a falar sobre isso porque afinal de contas não é disso que esse blog trata. Mas é delicioso perceber que os livros nos aproximam. Não que nós não tenhamos os nossos momentos de conflito - ele tem quinze anos e eu sou a mãe dele... Mas ainda bem que temos esses gostos parecidos que servem para reconciliar e estreitar os laços. Quer coisa melhor?

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