terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Começando pelo Começo

Estou empenhadíssima nos estudos e comecei por um livrinho da Ana Maria Machado chamado Como e Por Que Ler os Clássicos Universais Desde Cedo. O livro faz parte de uma coleção chamada Como e Por Que Ler, da editora Objetiva. A Ana Maria Machado conta logo no primeiro capítulo de quando era bem pequena e seu pai lhe contou a história de Dom Quixote. Foi diferente de ler para ela, já que a linguagem do original de Cervantes é sofisticada e certamente fora do alcance de compreensão de uma criança pequena (e certamente até de uma criança grande).

Ontem à tarde passei os olhos pelas estantes de livros e vi que o Pedro tinha uma adaptação para crianças do D. Quixote. Resolvi começar por ele mesmo! Depois do almoço, nos sentamos no chão, Luísa e eu, bem embaixo do ventilador de teto. Começamos pela apresentação que não era de outra senão da própria Ana Maria Machado. Foi uma surpresa para mim. Aproveitei para contar prá Luísa que eu estava lendo um livro daquela autora e que ela mesma também já conhecia a Ana Maria porque recentemente leu Bem do Seu Tamanho. É muito legal observar as conexões que as crianças fazem quando reconhecem o nome de um autor e percebem que eles são 'criadores'. Tenho certeza que da próxima vez que a Luísa for a uma livraria e enxergar um livro da Ana Maria Machado, vai se lembrar do D. Quixote e do Bem do Seu Tamanho.

Bem, começamos a nos aventurar pela história do fidalgo Dom Quixote e de como ele resolveu se tornar cavaleiro andante e sair pelo mundo em busca de aventuras. Li um capítulo só porque a cada quanto parávamos para comentar alguma palavra diferente ou alguma coisa engraçada que aparecia pelo texto. Assim ficamos durante uma meia hora que para mim era uma boa quantidade de tempo para começar já que a história é tão complexa. Deixei o livro em cima da cabeceira e fui fazer outras coisas achando que a Luísa ia sair pela janela para brincar no jardim. Mas mal virei as costas e a mocinha catou o livro para continuar lendo sozinha. Não aguentou de curiosidade e leu mais um capítulo todinho. À noite, enquanto jantávamos, ela perguntou:
-Mas o Dom Quixote era louco mesmo? Ou era cavaleiro de verdade?

Lembrei-me do livro do Sítio do Picapau Amarelo em que D. Benta conta às crianças a história de D. Quixote, respondendo de tanto em tanto às perguntas dos netos e de Emília. Resolvi responder com as palavras da D. Benta e fui ao escritório atrás do livro antigo, de capa dura verde escura. Encontrei o trecho onde D. Benta explicava porque D. Quixote tinha ficado louco, mas quem disse que a Luísa se contentou com isso? No momento em que ela percebeu as diferenças entre as duas adaptações para crianças, me fez ler o primeiro capítulo da versão do Monteiro Lobato. O tempo inteiro a Luísa ia me interrompendo e dizendo:
-Mas no outro livro eles não explicam assim, explicam assado.

Adorei ouvir as comparações que ela fazia e perceber que ela realmente estava entendendo a história e todos os seus detalhes. Também já vi que vou ter que ler os dois livros ao mesmo tempo porque a Luísa não vai se satisfazer com uma versão só. Realmente a Ana Maria Machado tinha razão quando disse que "Dom Quixote não se esgota em uma só leitura nem uma só adaptação. Sempre deixa o leitor com gosto de quero-mais".

Em tempo: essa também é a minha primeira vez lendo Dom Quixote. Estamos só no começo, mas já estou me coçando para comprar o original em espanhol...

2 comentários:

  1. Sil,

    Eu li na faculdade o livro da Ana Maria Machado que vc mencionou. É o máximo, há várias dicas de leitura. Adoro o capítulo dedicado aos contos de terror...
    bjs
    saudades
    Karina

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  2. Muita legal Sil, so agora to tendo o tempo de ler o seu blog... e to adorando. Mas porque voce nao comentou antes que ta escrevendo dez de Fevereiro?! I've got some catching up to do!! ;) Bjs, Lylly

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