sexta-feira, 26 de março de 2010

Preconceito

Ontem não teve leitura - teve amiga que passou a tarde em casa. E à noite o Papai estava por aqui para ler mais Asterix. Que por sinal eles já leram mais de uma vez, ou talvez até mais de duas.

Mas na noite anterior a Lulu escolheu uma historinha linda pra gente ler antes dela ir dormir. Assim como o Asterix, a gente já tinha lido esse livro juntas mais de uma vez, mas existe algo sobre a familiaridade com uma história que faz com que a gente desfrute do mesmo livro em diversas releituras. Pelo menos comigo é assim. Tem livro que eu já li cinco ou seis vezes e apesar dos vários títulos ainda inexplorados nas minhas estantes, tem dia que eu estou com vontade de ler "aquilo". E é uma delícia ter aquilo que eu quero bem ali ao meu alcance.

Pois bem, anteontem a Luísa puxou um livro da Claudia Fries chamado Um Porco Vem Morar Aqui! (A Pig is Moving In) É a historia de um porquinho que se muda para um edificio e seus vizinhos não vem a sua mudança com bons olhos. Eles acham que o porco é muito sujo e desordeiro quando na verdade ele é todo o contrário. Logo de cara eu comentei:
-Que preconceito...
E ao longo da história essa foi a palavra que a Luísa mais repetiu, preconceito, preconceito, preconceito. Para tudo que os outros bichos-vizinhos faziam ou diziam ela comentava:
-Que preconceito...
Achei engraçado essa apropriação de uma palavra que ela com certeza já conhecia, mas nunca tinha realmente 'usado'. A repetição parecia um ensaio, uma tentativa de usar a palavra, o conceito, da maneira correta, no lugar certo.

Quando eu dava aula para crianças que estavam aprendendo inglês, era fácil reconhecer o momento em que elas 'aprendiam' realmente um novo vocábulo, uma nova frase. De repente aquela frase aparecia em tudo quanto era lugar! Assim como é quando crianças são pequenas e estão aprendendo novas palavras todo dia. A repetição é a prática, o 'treino', e a aplicação ao mesmo tempo.

Mas mais bonitinho de tudo foi a conclusão da história. Quando terminamos de ler, fui para o meu quarto e a Luísa foi deitar. Dali a alguns minutos ela entrou no meu quarto e disse:
- Acho que a gente é que não deveria ir morar naquele edifício dos bichos porque a gente é muito baguncento!
Acho que ela conseguiu mesmo fazer uma relação com a história...

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